domingo, agosto 06, 2006

BARRADO NO CAIS DE PORTO ALEGRE JUNTO AO MURO DA MAUÁ

Com a finalidade de visitar o cais em Porto Alegre, me dirigi ao centro da cidade em direção ao portão na Avenida Mauá. Alem de visitar o local minha curiosidade era a de visualizar o rio, fato bastante questionado por aqueles que querem derrubar o muro de proteção contra as inundações, que ali podem ocorrer, bem como tentar ver o que seria a humanização do cais, cujo projeto é defendido pelo atual Governo Estadual.

Para minha surpresa fui barrado na entrada por guardas que protegem o local, que não permitem a entrada de ninguém sem autorização, constatei que a humanização ainda não havia chegado ali. Neste momento pensei que o projeto de “Humanização do Cais”, que o Governo do Estado defende como uma obra para o povo, não seria bem para o povo, mas sim para uma elite da qual o povo não pertence.

O projeto defendido pelo Governo prevê a licitação da área para a iniciativa privada, para que nela construa hotéis, Shopping Centers e Choparias entre outros tipos de obras. Tais obras seriam para o povo? Que povo teria condições de acessar a tais obras? Tais obras, de alturas várias, não tirariam a vista do Guaíba? Para acessar a tais obras e mesmo ao cais, teria o povo que pagar entrada?

Ora, para humanizar o cais não são necessárias obras nem estudos caríssimos como os que o Estado esta executando, para os quais, foi necessário nomear um Coordenador para coordenar as equipes que estudam a entrega da área á iniciativa privada, bastaria mandar, ou melhor, ordenar que o povo não fosse barrado para ir visitar o cais do porto de nosso Porto Alegre, pois desta forma já estaria assegurada à participação do povo na área. Que os armazéns fossem liberados para o povo ali implantar negócios tais quais o do mercado público, com estacionamento rotativo para facilitar quem vai ás compras.

Por ser barrado no portão do caís abri os olhos para o que realmente querem fazer no nosso cais, utilizando o título pomposo de ”Humanização do Cais” para “o povo”. É hora das entidades ambientais, do povo e daqueles que gostam do cais e querem ali passear, começarmos um movimento contra esta barbaridade que se pretende cometer em nosso nome, ou melhor, em nome do povo.

Engenheiro Henrique Wittler
Henrique@wittler.com.br

30/07/2006

O CAIS DE PORTO ALEGRE E O MURO DA MAUÁ

Devido a artigo publicado na coluna Opinião em Zero Hora, de título O Muro da Mauá, fui convidado a participar do programa Polêmica da Rádio Gaúcha do dia 15 de julho, para que ali, juntamente com outros participantes dialogássemos a respeito do assunto, principalmente com respeito á segurança das obras de abertura á serem efetuadas no referido muro.
Ao longo do programa, passei a ficar ainda mais preocupado com o assunto do que quando escrevera o artigo, devido a posições que ali foram externadas pelo representante do Governo do Estado e atual coordenador dos Estudos de Humanização do Cais do Porto.
Nesta oportunidade informou o Senhor Coordenador que os Estudos estão sendo feitos pelo Estado, por equipe que conta com muitos Profissionais das mais variadas áreas, disse também, que o Edital para escolha dos futuros investidores na área do cais, esta sendo concluído e breve será publicado, disse ainda que os investidores na área é que serão responsáveis pela manutenção das obras de controle das cheias e que o piso das áreas ocupadas deverá estar oitenta centímetros a cima do pátio hoje existente.
No entanto, ao ser questionado onde seriam os novos portões e que obras seriam executadas no muro, apenas informou que ainda não dispunham de tais elementos, pois não havia ainda uma definição. Ora, já se discute esta ocupação da área portuária a muitos anos, hoje envolve equipe com muitos técnicos e profissionais, como foi dito, e já existindo um edital em faze final, bem que já deveria haver uma certeza no que fazer nas obras de proteção. Não existindo tal definição, torna o assunto no mínimo preocupante.
Constatou-se também que o Estado arca com os custos da equipe e dos estudos os quais não devem ser insignificantes, e isto em uma época onde o próprio Governo diz que existe uma crise econômica e muitas obras ou assistências necessárias não são feitas por este motivo, isto é sério, e mais ainda, se levarmos em conta que após a conclusão dos estudos os projetos serão entregues á iniciativa privada para que ali faça seus investimentos e obtenham seus lucros.
Foi dito que os pisos das obras deverão ficar á oitenta centímetros do piso do cais existente, pelo que, concluir-se-ia que a cheia não o atinja, o que não é verdade, pois ali a cheia pode atingir até 2,5 metros desde o piso do cais. Por outro lado, definida esta cota de piso pelo Estado, passa ele, Estado, á ser responsabilizado pelos danos, pois a iniciativa privada é leiga e por outro lado mutável, desaparecendo com o tempo e desta forma não podendo assumir á responsabilidade.
Outro ponto que chamou a atenção no debate, é o fato de que caberá á iniciativa privada assumir a responsabilidade pela segurança e custo das obras de controle das cheias. Não é viável tal afirmativa, pois o Estado não pode repassar esta responsabilidade, que hoje é da Prefeitura, para a iniciativa privada e tenho dúvidas se a própria iniciativa privada assumiria tais responsabilidades.
Seria mais lógico neste caso que a própria iniciativa privada buscasse fazer os estudos necessários e insistir junto ao Estado pela liberação da área para tais obras. No entanto, não se tem visto a iniciativa privada lutar por tais investimentos, nem participar efetivamente dos estudos e projetos.
Por último, contesto a afirmativa feita de que os estudos e projetos estão sendo feitos para “humanizar o centro de Porto Alegre para o povo”, pois o que se vê é que o projeto prevê que serão construídos hotéis, shopping centers e outros tipos de edifícios, os quais além de são humanizarem o centro, também não serão para o povo e sim para uma elite.

Engenheiro Henrique Wittler
Henrique@wittler.com.br

05/07/2006

O MURO DA MAUÁ

O muro da Mauá projetado após a grande cheia de 1941 tem como objetivo principal proteger a área central de Porto Alegre e como objetivo secundário, por necessidade, proteger uma boa parte da cidade, que vai do Cristal á Alvorada. Somente um trecho do sistema não assegura a proteção das demais áreas.
Atualmente polemiza-se a derrubada ou destruição parcial do muro para implantação de obras no interior da área desprotegida, sem ninguém questionar o efeito destas obras na elevação do nível das cheias futuramente, tendo em vista que tais níveis podem a vir criar problemas em outras áreas rio acima.
Os que questionam a existência do muro não têm conhecimento que o sistema evitou, entre outras a cheia de 1983, cujos danos dariam um prejuízo superior á 10% do total investido nas obras até aquela data em valores corrigidos.
Também se deve levar em conta que qualquer ampliação na área de portões gerará um aumento significativo no custo de manutenção, sem considerar que manutenção é coisa que o poder público desconhece. Mesmo hoje com poucos portões e casas de bombas a manutenção do sistema é precária.
Devemos também levar em conta a estagnação total do centro de Porto Alegre, motivo de reportagem recente no jornal Zero Hora, que mostrava a decadência da área central e o baixo aproveitamento dos prédios ali existentes. Seria mais interessante reativar esta área central carente de investimentos, pois não adianta querer desenvolver a área portuária e deixar esta área hoje estagnada ali inerte.
Deve-se levar em conta também que os níveis das cheias não ocorrem em ordem cronológica ou repetitiva, os níveis ocorrem aleatoriamente e desta forma podem ocorrer níveis tão elevados ou maiores que o da cheia de 1941 em anos sucessivos no futuro. Tal afirmativa se fortalece pelo tempo decorrido desde aquele evento, sem que tenham ocorrido níveis significativos desde aquela data.
Portanto ao ampliar ás áreas de acesso ao cais pela destruição de parte das obras estaremos colocando em cheque todo um sistema que vai do Cristal até Alvorada, e qualquer vulnerabilidade porá em risco milhares de vidas humanas residentes na área hoje protegida.
Aqueles que vão decidir pela destruição parcial do sistema de proteção contra as inundações de Porto Alegre, o deverão fazer abertamente, para que possibilite aos futuros prejudicados uma ação de perdas e danos. O que não pode é que se escondam atrás das fachadas do Governo, como é comum nestes casos.



Engenheiro Henrique Wittler
Henrique@wittler.com.br

05/07/2006

RENAN CALHEIROS........... Ladrão

NOTA: A letra da música de fundo deste Blog é de autoria de Tony Bellotto / Charles Gavin / Paulo Miklos.