domingo, agosto 06, 2006

O MURO DA MAUÁ

O muro da Mauá projetado após a grande cheia de 1941 tem como objetivo principal proteger a área central de Porto Alegre e como objetivo secundário, por necessidade, proteger uma boa parte da cidade, que vai do Cristal á Alvorada. Somente um trecho do sistema não assegura a proteção das demais áreas.
Atualmente polemiza-se a derrubada ou destruição parcial do muro para implantação de obras no interior da área desprotegida, sem ninguém questionar o efeito destas obras na elevação do nível das cheias futuramente, tendo em vista que tais níveis podem a vir criar problemas em outras áreas rio acima.
Os que questionam a existência do muro não têm conhecimento que o sistema evitou, entre outras a cheia de 1983, cujos danos dariam um prejuízo superior á 10% do total investido nas obras até aquela data em valores corrigidos.
Também se deve levar em conta que qualquer ampliação na área de portões gerará um aumento significativo no custo de manutenção, sem considerar que manutenção é coisa que o poder público desconhece. Mesmo hoje com poucos portões e casas de bombas a manutenção do sistema é precária.
Devemos também levar em conta a estagnação total do centro de Porto Alegre, motivo de reportagem recente no jornal Zero Hora, que mostrava a decadência da área central e o baixo aproveitamento dos prédios ali existentes. Seria mais interessante reativar esta área central carente de investimentos, pois não adianta querer desenvolver a área portuária e deixar esta área hoje estagnada ali inerte.
Deve-se levar em conta também que os níveis das cheias não ocorrem em ordem cronológica ou repetitiva, os níveis ocorrem aleatoriamente e desta forma podem ocorrer níveis tão elevados ou maiores que o da cheia de 1941 em anos sucessivos no futuro. Tal afirmativa se fortalece pelo tempo decorrido desde aquele evento, sem que tenham ocorrido níveis significativos desde aquela data.
Portanto ao ampliar ás áreas de acesso ao cais pela destruição de parte das obras estaremos colocando em cheque todo um sistema que vai do Cristal até Alvorada, e qualquer vulnerabilidade porá em risco milhares de vidas humanas residentes na área hoje protegida.
Aqueles que vão decidir pela destruição parcial do sistema de proteção contra as inundações de Porto Alegre, o deverão fazer abertamente, para que possibilite aos futuros prejudicados uma ação de perdas e danos. O que não pode é que se escondam atrás das fachadas do Governo, como é comum nestes casos.



Engenheiro Henrique Wittler
Henrique@wittler.com.br

05/07/2006

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RENAN CALHEIROS........... Ladrão

NOTA: A letra da música de fundo deste Blog é de autoria de Tony Bellotto / Charles Gavin / Paulo Miklos.